Painel do RioInfo2020 sobre gamificação na educação a distância.
EdTalks 2020: temas atuais e mais relevantes sobre EdTech. Com um time de mais de 30 especialistas nas temáticas atuais e mais relevantes sobre EdTech, foram apresentados cases, ferramentas e muitas dicas, com foco em projetos de capacitação corporativa.
Com a pandemia, pessoas que nunca tinham tido algum tipo de experiência em EAD, seja como alunos, professores ou gestores, começaram a se manifestar como se a Educação a Distância tivesse sido inventada em março passado.
Atuando há mais de 25 anos em Educação a Distância (EAD), (ver meu artigo de 1996, disponível no site da FAPESP – https://namidia.fapesp.br/educacao-e-tecnologia/19374), resolvi então convocar uma reunião com um grupo de especialistas em Educação, Cultura e Filosofia para debater um pouco o assunto.
Chamei Wiliam Shakespeare (WS), e o trio Sócrates (SO), Platão (PL) e Aristóteles (AR) para debaterem comigo, Paulo Milet (PM).
Claro que a reunião foi virtual (aliás eles só funcionam assim há muito tempo!) (**)…
PM – Bom dia a todos! Como estão? Desculpem se incomodo!
WS – Para o trabalho que gostamos, levantamo-nos cedo e fazemo-lo com alegria!
PM – E a turma da Grécia? Não vai falar nada? Precisamos do seu vasto conhecimento.
SO – Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa.
PL – A parte que ignoramos é muito maior que tudo quanto sabemos.
SO – Não sou nem ateniense, nem grego, mas sim um cidadão do mundo.
PM – Nossos educadores e governantes se preocupam com as crianças e jovens que estão em sala de aula e muitos acham que é cedo para EAD.
PL – A orientação inicial que alguém recebe da educação também marca a sua conduta ulterior.
PM – E, talvez pior que isso, vejo poucos preocupados com os adultos que evadiram da escola, pararam de estudar ou estão no mercado com o conhecimento defasado.
PL – Devemos aprender durante toda a vida, sem imaginar que a sabedoria vem com a velhice.
PM – É isso que defendo. o LIFELONG LEARNING é essencial no nosso país e principalmente com as mudanças causadas pela tecnologia. Novas profissões vão surgir. As pessoas devem ter isso em mente e aprender com prazer.
WS – O que não dá prazer não dá proveito. Em resumo, senhor, estude apenas o que lhe agradar.
SO – O homem para ser completo tem que estudar, trabalhar e lutar.
PL – A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento
PM – Tenho encontrado muitos “especialistas” em EAD que afirmam muitas coisas sem estudar e aprofundar e acham que EAD é igual a vídeoaula. Não é só isso! Tem MICRO LEARNING, MASTERY LEARNING, ADAPTIVE LEARNING, FLIPPED CLASSROOM…
AR – Não há só um método para estudar as coisas.
AR – O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete.
PL – Não eduques as crianças nas várias disciplinas recorrendo à força, mas como se fosse um jogo, para que também possas observar melhor qual a disposição natural de cada um.
PM – Isso mesmo, tem a GAMIFICAÇÃO também que facilita o aprendizado!
PM – O papel dos professores tem que mudar. Não faz sentido um professor que apenas repete o que já está escrito, tanto faz se presencialmente ou em vídeoaula e acha que os alunos estão aprendendo.
SO – Eu não posso ensinar nada a ninguém, eu só posso fazê-lo pensar.
AR – A alegria que se tem em pensar e aprender faz-nos pensar e aprender ainda mais.
PM – Então o papel do professor é atuar como um CURADOR DE CONTEÚDO, selecionando, surpreendendo, provocando e incentivando os alunos a ler e pensar. Certo?
WS – Uma coisa bela persuade por si mesma, sem necessidade de um orador.
AR – O começo de todas as ciências é o espanto de as coisas serem o que são.
PM – Várias mudanças já estavam previstas para os próximos anos, mas a pandemia acelerou tudo e pegou muitos de surpresa! Precisamos cuidar de quem não tem recursos e prepara-los para as novas profissões e, mais ainda, novas habilidades (SOFTSKILLS) para qualquer profissão.
PL – Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida.
WS – Não basta apenas soerguer os fracos; devemos ampará-los depois.
AR – Educar a mente sem educar o coração não é educação.
PM – Temos que ter em mente os aspectos Pedagógicos (para crianças), Andragógicos (para adultos) e Heutagógicos (auto aprendizado), mas o importante em qualquer dessas visões é que o foco seja no APRENDER e usar todo o conhecimento do mundo que está à disposição de todos na Internet.
WS – O que é que há, pois, num nome? Aquilo a que chamamos rosa, mesmo com outro nome, cheiraria igualmente bem e, completando, ninguém poderá jamais aperfeiçoar-se, se não tiver o mundo como mestre.
PM – Percebi em vários educadores, governantes e mesmo universidades, a preocupação com os alunos sem acesso à internet e muitos ficaram parados para não produzir mais distância entre quem tem e quem não tem recursos. Alguns falam em falta de consciência.
WS – O sábio não se senta para lamentar-se, mas se põe alegremente em sua tarefa de consertar o dano feito.
WS – É comum perder-se o bom por querer o melhor
PL – O começo é a metade do todo.
WS – Consciência é uma palavras usada pelos covardes para incutir medo aos fortes.
PM -Sócrates, o que você acha dessas salas de aulas com um professor à frente, 40 alunos recebendo a mesma informação no mesmo momento, independente do que já sabem, são ou gostam?
(SO) … há homens que serão persuadidos por certos discursos, enquanto os mesmos argumentos terão pouca ação sobre a alma dos outros. É mister que o orador que aprofundou suficientemente os seus conhecimentos seja capaz de discernir rapidamente, na vida prática o momento exato em que é oportuno usar uma ou outra forma de argumentação . ..
(PM) ótima resposta! Essa é a PERSONALIZAÇÃO da educação. Mas isso é praticamente impossível no ensino presencial. Se associarmos sistemas inteligentes que possam identificar permanentemente o perfil e saber de cada aluno é possível ao aluno aprender conforme você prega há tantos séculos!
PM- Acredito que um desafio para todos é viabilizar CONECTIVIDADE geral e métodos modernos de EAD, para que todos possam aprender a qualquer hora (ANYTIME), em qualquer lugar (ANYPLACE) e no seu próprio ritmo (PERSONALIZADO). Mas existem reações achando que aprender à distância é um mal.
SO – Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância.
AR – Todos os homens, por natureza, desejam saber.
PL – Não há nada bom nem mau a não ser estas duas coisas: a sabedoria que é um bem e a ignorância que é um mal.
WS – Não existe o bom ou o mau; é o pensamento que os faz assim.
PM – Pra encerrar, vocês acham que devo brigar mais pra convencer mais gente que a EAD é uma solução fundamental para o crescimento do País? Até a ONU aprovou um dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS4), até 2030, que só é viável com EAD. Muitos acham que EAD é uma barreira e não uma ponte!
WS – É mais fácil obter o que se deseja com um sorriso do que à ponta da espada.
PL – Às vezes você tem que levantar paredes, não para afastar as pessoas, mas para ver quem se importa o suficiente para derrubá-las.
PM – Obrigado! A conversa foi muito boa! Vocês me inspiram bastante! Vamos fazer outras reuniões como essa pra tratar de outros assuntos. Grande Abraço!
* Paulo Milet (PM). Formado em Matemática pela UnB e pós graduado em Adm. Pública pela FGV RJ – Consultor e empresário nas áreas de Tecnologia, Gestão e EaD.
Veja outros artigos em http://eschola.com/artigos/
** Citações retiradas do site O PENSADOR
Esse texto é propositalmente provocativo. Quero especular um pouco sobre o mundo novo depois do coronavirus, seja lá quando esse momento chegar.
Será que vamos entrar direto no mundo 5.0? Já que o mundo 4.0 passou de passagem e viabilizou em 3 meses tudo que estava previsto acontecer em um movimento “acelerado” nos próximos 5 anos.
TeleTrabalho, TeleMedicina, TeleEducação, TeleVotações e muitas outras teleAlgumaCoisa aconteceram atropelando práticas, preconceitos, Conselhos, Governos, medos, inseguranças, acomodações e outros comportamentos.
Hoje vou provocar e explorar apenas um ponto: o impacto nas cidades, envolvendo mobilidade, habitação, comercio, transporte individual e coletivo.
Se um grande contingente de pessoas passa a não se deslocar para trabalhar, estudar comprar ou se consultar, o que acontece com o transito? E com as salas alugadas por empresas no centro? E com a opção de carros individuais (inclusive os elétricos)? E com as lojas? E com os colégios e salas de aulas?
Todos que estão compulsoriamente em quarentena em casa, estão percebendo que gastar duas horas (mínimo) para ir e voltar para o trabalho ou para o colégio/faculdade é um desperdício completo! O tempo economizado pode ser dedicado também ao estudo ou trabalho gerando ganhos de produtividade ou pode ser usado para atividades para as quais “não tenho tempo”, como laser ou filhos, por exemplo.
Mas essa pode ser uma grande oportunidade. Milhares de espaços ociosos nos centros das cidades não podem ser usados para equacionar o problema habitacional e ao mesmo tempo resolver o problema do abandono dos centros nos finais de semana? Uso de bicicletas, patinetes, metrô e sem circulação de carros não melhoram em muito os índices de poluição? Relacionamento com órgãos governamentais nos três níveis, e incluindo cartórios, não podem ser feitos permanentemente via online?
Enfim, o vírus e a Tecnologia, em uma aliança inesperada e surpreendente, viabilizaram mudanças que apenas podiam ser sonhadas para 5 a 10 anos.
Vamos aproveitar?
Por hoje fico por aqui. Depois vamos falar de economia, política, saúde, segurança, educação…
Paulo Milet
Vocês devem estar se perguntando: O que poderiam ter em comum D. Pedro II e a Educação a Distância (EaD)? Tá doido? Calma, antes de explicar essa doidera, me deixa contar um pouco da minha história com EaD.
Em 1986, eu era Superintendente de Depto no Serpro, fui participar de uma semana de treinamento, internado em um centro da IBM em São Conrado, Rio de Janeiro. Durante o dia, as atividades eram presenciais em sala de aula e, à noite, no quarto, você tinha acesso a um terminal IBM (daqueles verdões) com um sistema precário de Treinamento Baseado em Computador (CBT).
Foi nesse computador que fiz o meu primeiro curso online! A matéria do dia seguinte era apresentada, precedida por um pré-teste e seguida por um pós-teste. Minha nota no pré-teste às 20h? Nota 3. Minha nota no Pós-teste às 22h? Nota 9! Eu e o computador, sozinhos no quarto! Nesse dia, eu me apaixonei pela Educação a Distância e vi que FUNCIONA! Isso em 1986!
Separei alguns exemplos para os que acreditam que a EaD foi inventada apenas no Século XXI:
Em 1990 – lançamos na Comdex, em Las Vegas, um dos primeiros softwares de Hipertexto;
Em 1991 – Elaboramos treinamento em computador para ISO 9000;
Em 1992 – Treinamos as secretárias na Brahma, distribuindo 2.000 disquetes com cursos;
Em 1994 – Fizemos um projeto de língua portuguesa com a Academia Brasileira de Letras (prof Arnaldo Niskier) e com o Professor Sergio Nogueira (que, depois, ficou famoso com o soletrando);
Em 1999 – parceria com a Lotus/ IBM naquele que seria um dos primeiros LMS no pais, o Learning Space;
Em 2000 – Trouxe Jeanne Meister ao Brasil, autora do livro Corporate Universities, referência no mundo do treinamento empresarial;
Em 2001 – Treinamento para repositores (pessoal que arruma as prateleiras) no Carrefour;
Pô, e o Dom Pedro II? Cadê ele? – Calma, já já eu chego lá!
Em 2003 – Treinamento para motoristas de caminhão na empresa Autotrac de Nelson Piquet.
Em 2005 – Cursinho Pré-Vestibular on-line para alunos de classe média alta;
Em 2006 – Curso Supletivo on-line para quem largou o Ensino Médio;
Em 2009 – preparatório para o ENEM;
Em 2010 – Treinamento on-line para presidiários na penitenciária de Bangu, junto com o Afroreaggae;
Em 2013 – Capacitação de 4.000 alunos nas favelas do Rio junto com a CUFA;
Em 2016 – preparação da Universidade CEUB em Brasília para a Educação a distancia;
Em 2018 – curso de pós graduação com a Universidade Candido Mendes – UCAM no Rio.
E o que eu quero dizer com tudo isso? Quero dizer que EaD funciona, as pessoas aprendem, de qualquer idade, com qualquer cultura, com qualquer nível de formação, de qualquer renda.
Eu só não tinha experiência com crianças, mas a minha neta, desde os 4 anos, resolveu isso. Sem saber ler nem escrever, ela usa os comandos de voz do micro, acessa os canais de YouTube desejados para aprender as brincadeiras e a fazer slime, além de um monte de outras coisas.
Então, por tudo isso, não tenho mais paciência pra ouvir “será que funciona? ” ou “Mas a qualidade no presencial é maior que no EaD?”.
Nesses 34 anos, a grande certeza que tenho é que funciona, e muito! E, agora, no meio de toda a confusão da pandemia, vejo que nunca nada nem ninguém foi tão eficaz em prol do EaD quanto o Covid-19! Mesmo não sendo com os melhores modelos e técnicas, o que está sendo implementado ainda é precário, mas tá valendo!
As metodologias para tecnologias educacionais estão melhorando dia a dia. Três são os conceitos básicos: ANYTIME (Qualquer hora), ANYPLACE (Qualquer lugar) e no seu próprio RITMO, que atualmente caminha para a personalização (ou individualização do aprendizado).
Além disso, o ADAPTIVE LEARNING, que é o aprendizado adaptativo, onde o aluno faz um pré-teste e o sistema identifica o que ele já sabe ou não daquele assunto. A partir daí, direciona o conteúdo para o aluno considerando onde ele tem dificuldades. A informação e conhecimento são preparados por CURADORES de conteúdo, com base nas melhores referências daquele assunto.
MICRO LEARNING, que mostra os conteúdos em pequenas pílulas de conhecimento e MASTER LEARNING, que só permite que você avance, se mostrar que aprendeu a ultima lição. A Realidade Virtual (RV) e a Aumentada (RA) ampliam a possibilidade de você “viajar” e conhecer mais. Ao longo de toda a vida você aprende (LIFELONG LEARNING) e tem possibilidade de acessar às melhores fontes de conhecimento e os melhores autores, podendo até trocar idéias com esses próprios professores/tutores.
E Dom Pedro II? O que tem a ver com isso? – Eu explico agora:
Pedro II foi provavelmente o brasileiro que recebeu a melhor educação no século XIX e mesmo até hoje. Ele certamente não estudava em uma sala de aula com mais 40 alunos assistindo a fala de um professor e copiando o quadro negro.
Estudou caligrafia, literatura, matemática, geografia, ciências, pintura, música, esgrima e equitação. Seus interesses cobriam antropologia, geografia, geologia, medicina, direito, religião, filosofia, escultura, teatro, química, poesia e tecnologia. Em línguas, não menos impressionante, chegando a falar e escrever, além do português, latim, francês, alemão, inglês, italiano, espanhol, grego, árabe, hebraico, sânscrito e também em chinês e Tupi!
Aprendeu a vida inteira (LifeLong Learning). Tinha professores selecionado, acesso à informações atualizadas e conversava com as melhores cabeças do mundo. Ganhou o respeito e admiração de estudiosos como Graham Bell, Darwin, Victor Hugo e Nietzche, também foi amigo de Wagner e Pasteur, dentre outros (curadores de conteúdo).
Estudava ao longo do dia (Anytime) em qualquer lugar (Anyplace). Tinha professores particulares que identificavam o que ele já sabia e avançavam nos novos conhecimentos (Adaptive Learning).
Dom Pedro II gostava de viajar para centros turísticos de prestígio histórico e chegou a visitar as pirâmides do Egito, a Dinamarca, Suécia, Finlândia, Império Russo, Império Otomano e Grécia. Depois, foi para a Terra Santa, Itália, Áustria, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Países Baixos, Suíça e Portugal; Nos Estados Unidos foi a Nova Iorque, São Francisco, Nova Orleães, Washington, e Toronto, no Canadá (Realidade Real – RR e não Virtual).
Tornou-se o primeiro brasileiro fotógrafo, uma de suas paixões, quando adquiriu uma câmera de daguerreótipo em 1840. O imperador conheceu Graham Bell, que havia inventado o telefone e, junto ao inventor, testou a nova invenção. Admirado com o mecanismo, Pedro fez questão de que o Brasil fosse um dos primeiros países do mundo a possuir um telefone.
E então? Perceberam? O que era caro, único e exclusivo, válido apenas para um único Brasileiro, agora, com a EaD, caminha para reunir as melhores formas de aprendizado e disponibilização de conhecimento, seja para o ensino formal, quanto para os hobbies ou laser, preparadas pelos melhores professores e disponível a toda hora e a qualquer momento ao longo de toda a vida.
Esse já é o presente para alguns, eu gostaria que fosse o futuro para todos, que seriam “aprendentes” ecléticos e permanentes como foi Dom Pedro II!
* Paulo Milet é empresário e consultor e EaD e Universidades Corporativas
twitter @MiletPaulo – Linkedin Paulo Milet – Site eaducam.com.br REF sobre D. Pedro II: Wikipedia Pedro II do Brasil
Eu gosto de falar de EaD com base em uma experiência acumulada de mais de 30 anos nessa área, mas gosto também de reunir exemplos originais de como a tecnologia pode ajudar a melhorar todos os processos, inclusive o de aprendizado.
Em 1960, eu estava no segundo ano do antigo primário e o meu pai um dia trouxe um livro sobre mamíferos, onde, no meio de várias fotos e textos sobre animais conhecidos, havia um estranho – o ornitorrinco – que era caracterizado como um mamífero que põe ovos!
Registrei a informação curiosa e levei o livro para a minha escola (Chapeuzinho Vermelho, no Rio de Janeiro).
Nesse dia, a professora (coitada!) ao falar de animais, disse a tal frase: “os mamíferos não põem ovos”.
E eu, na minha arrogância dos 8 anos, retruquei: “Tia, e o Ornitorronco?”. Claro que ela nunca tinha ouvido falar e eu tive que levar o livro lá na frente para provar o que eu falava. (Não me lembro se recebi um elogio ou um castigo, kkkk).
Mas, porque esse exemplo?
É que, hoje em dia, os professores não podem querer concorrer em conhecimento com a internet. A internet não é um simples livro com curiosidades. É um manancial de informações aos milhares (milhões) sobre qualquer assunto, sejam ornitorrincos ou não.
Com a EaD, o papel dos professores tem que mudar e deixar de ser apenas um fornecedor de informações que já estão registradas, e passar a exercer um papel misto de curador de conteúdo (selecionador), provocador de raciocínios, correlacionador de teorias com exemplos próximos aos alunos e certamente de incentivador de pesquisas na internet.
A pandemia acelerou vários processos, inclusive o de Tele Educação, mas os professores (coitados) foram jogados no meio da confusão e obrigados a atuar de um modo para o qual não estavam preparados (parabéns a todos pelo esforço).
Quando acabar essa fase terrível, o retorno vai se dar em modos híbridos de educação, com aulas presenciais, muitas atividades à distância (professores, vamos olhar os games e um tal de tik tok pra aprender como as crianças estão aprendendo?) e com os governos preocupados em prover conectividade para todos. Vamos aproveitar para sair melhor do que entramos?
A preparação para fazer uma prova de Concurso Público, por mais difícil que este seja, nada mais é que um processo e, como tal, pode ser gerenciado e otimizado. Esse artigo trata, não simplesmente de um método de estudo, como tantos que existem na Internet, mas sobre um método para GERENCIAR o estudo e o aprendizado. É certo que o nível de detalhe aqui será mínimo, mas certamente, se bem aplicado, levará ao resultado desejado.
Um ALERTA IMPORTANTE! Se você não tem disposição, interesse, paciência ou curiosidade para ler nem essas 3 páginas até o fim, pode desistir, dificilmente você vai conseguir passar em um concurso, com ou sem método.
Qual o conceito de processo? – Um conjunto de atividades, interrelacionadas, que tem por objetivo satisfazer um cliente. O cliente do processo “Preparação para Concurso”, claro, é você mesmo, o próprio concursando! Está claro que satisfazer esse cliente nada mais é que passar no concurso.
Uma definição, famosa entre concurseiros, é que “Você não estuda para passar, mas estuda até passar!”. Isso implica em ciclos e numa certeza de que a preparação para concursos não se encerra na primeira não aprovação, antes pelo contrário, cada concurso realizado é um degrau a mais que se sobe na direção do objetivo final.
Além disso, as matérias exigidas em cada concurso são muito similares, não divergindo demais entre um concurso e outro. Quase sempre você vai encontrar Português, Informática, Raciocínio Lógico, Direito Administrativo, Constitucional, Regimentos Internos e coisas parecidas. Assim, o fundamental é você entrar em um processo de ESTUDO PERMANENTE, até alcançar o OBJETIVO FINAL de conseguir a aprovação em um concurso.
DICA 1 – Defina seu OBJETIVO FINAL com clareza e detalhes. Imagine como vai ser sua vida depois dele alcançado. Pense em quanto você vai ganhar, que mudanças boas isso vai trazer para sua vida a de pessoas queridas. Junte RAZÃO e EMOÇÃO no seu objetivo final. Escreva, desenhe, cole na parede.
Leia vários editais de concursos. Converse com pessoas que já passaram e com quem não passou. Coloque na sua cabeça que não vai desistir por conta de uma não aprovação. Ao contrário, fique satisfeito com o ganho obtido em cada Concurso, mesmo sem aprovação.
Agora vamos à segunda grande DICA. Precisamos definir METAS intermediárias, na realidade uma única meta, de modo que o resultado possa ser comparado a cada rodada.
DICA 2 – Sua META deve ser, a cada concurso, obter, em cada matéria, NOTAS MAIORES QUE AS OBTIDAS NO CONCURSO ANTERIOR.
Cumprindo essa meta, seu objetivo vai se concretizar certamente em algum momento futuro. A grande lição aqui é que você não precisa se preocupar com os outros, nem com a relação candidatos/vaga, nem com qual foi a nota dos seus amigos (ou inimigos). Basta se preocupar com a SUA NOTA ATUAL e verificar se ela foi maior que a SUA NOTA ANTERIOR naquela matéria. Em determinado momento, depois de alguns ciclos com essa meta de melhoria contínua cumprida, você vai CERTAMENTE obter os pontos necessários.
DICA 3 – Aplique o MÉTODO GERENCIAL à sua preparação. O método que todos os gerentes e administradores envolvidos com programas de qualidade aprenderam é o PDCA. Aplicado aos Concursos, P significa PLAN – conjunto de atividades que é feita ANTES das Provas. D significa DO, conjunto de atividades que se faz DURANTE as provas, C = CHECK, conjunto de atividades que se faz depois das provas, e finalmente A = ACT, conjunto de atividades feitas no sentido de corrigir o que não tenha dado certo.
E é esse método que vamos aqui aplicar para mostrar como atingir o OBJETIVO FINAL, aprofundando essa segunda dica para cada uma das ações do PDCA:
PLAN (Planejar/Preparar): Leia com atenção o Edital do próximo concurso. Verifique quais são as matérias pedidas. Mapeie o terreno. Faça um simulado de concursos anteriores. Verifique em que nível você está. Verifique quais são seus pontos fortes. Quais seus pontos fracos em cada matéria. Conheça a Instituição para onde é dirigido o concurso. Veja suas atribuições. O que ela faz? Para que serve? E o cargo? Qual a função? Leia bastante. Não apenas o material do concurso. Leia com a intenção de entender a lógica e o contexto. As informações vão se encaixando. Busque recursos e fontes (Cursos Presenciais, Cursos Online, e-books, exercícios resolvidos, vídeo-aulas,…). Prepare apresentações sobre as matérias. Prepare material para ensinar para seus amigos (Preparar aulas é uma das melhores maneiras de aprender). Aprenda técnicas e ferramentas para melhorar o aprendizado (Leitura Dinâmica, Aprendizagem Acelerada, PNL, Análise Crítica, Mind Maps,…). Faça exercícios para memória. Faça diagramas e quadros. A memória visual ajuda muito. Fale alto, para você mesmo. A memória auditiva agradece. Faça exercícios de respiração, meditação e concentração. Aprenda a controlar a ansiedade.
Ah! Não se esqueça de fazer a inscrição e checar locais e horários. Não vá morrer na praia!
DO (Executar, Fazer): Esse é o dia da prova. Tenha uma noite de sono tranqüila. Não adianta se matar de estudar na véspera. Coloque na sua mente que esse é apenas mais um passo. Planejado e organizado. E que qualquer resultado será um aperfeiçoamento. Releia o Edital. Veja as regras para o dia da prova. Chegue com antecedência. Na hora da prova, leia com atenção. Releia. Você estudou. Você sabe. Se aquela questão não tiver sido estudada, pule e volte no final. No caso de múltipla escolha, leia as opções. Elimine algumas. Mantenha a respiração controlada todo o tempo. De tempos em tempos pare e respire. A tensão atrapalha o raciocínio e a memória.
CHECK(Controlar/Verificar): Veja o resultado. Passou? Comemore bastante! Não passou? É apenas mais um passo. Compare suas respostas. Veja quantos pontos. Veja o que errou. Entenda porque errou. Você sabia e deu um branco? Faltou entender melhor a questão? Você não sabia realmente? Não estudou aquele ponto? Veja quais foram as suas melhores e piores notas. Veja quais foram as notas dos que passaram. Aproveite o resultado para aprender. Aqueles pontos você não erra mais.
ACT(Atuar corretivamente, consertar): As atividades de ação corretiva não são feitas separadamente. Na realidade elas usam os resultados do CHECK para corrigir o PLAN e corrigir o DO. O que faltou? Faltou estudar determinado ponto? Você estudou mas não absorveu? Não lembrou na hora? Ficou nervoso? O objetivo dessa fase é fazer com que os erros antigos não se repitam. Cometa erros novos! Eles ervem de aprendizado. Repetir erros velhos é burrice. O que você vai fazer em relação a cada um dos erros? Estudar mais? Fazer exercícios para memória? Tomar aulas de meditação, Ioga ou respiração? Formar um grupo de estudo? Não fique parado se lamentando. Parta para a próxima! Agora você sabe mais do que antes.
Veja na figura um resumo do MÉTODO para atingir a META a cada rodada e chegar ao OBJETIVO FINAL (falta o desenho..)
ANTES NO DIA DEPOIS
Último Concurso — P (Planeja)- D(executa)- C (checa) = APROVAÇÃO!
Penúltimo Concurso — P (Planeja)- D(executa)- C (checa) – A (corrige)
Terceiro Concurso — P (Planeja)- D(executa)- C (checa) – A (corrige)
Segundo Concurso — P (Planeja)- D(executa)- C (checa) – A (corrige)
Primeiro Concurso — P (Planeja)- D(executa)- C (checa) – A (corrige)
DEFINIR OBJETIVO FINAL
Voce é o GERENTE da sua vida. Tome as rédeas e siga o caminho que te interessa. Não fique improvisando achando que de repente vai passar. Se isso é importante para você, trate com cuidado e atenção. Dedique tempo e comemore no final!
Paulo Barreira Milet é empresário, consultor, ex-funcionário público e especialista em TI, Gestão e Educação a Distancia. Formado em Matemática pela UnB com MBA em Administração Pública pela FGV/Rio. Sócio e Diretor da ESCHOLA.COM – e-mail: pmilet@eschola.com
Live sobre a educação, a EAD e o futuro do trabalho.
Paulo é daqueles profissionais multifacetados como o mercado de hoje e, em tempos de Covid, exige mais do que nunca. Um detalhe importante é que o Paulo atua em muitas e diferentes frentes há vários anos. Desde sempre, atua diretamente com EdTech. Liderou projetos inovadores tanto no mercado corporativo, como na Academia, além de ter uma forte atuação política, participando de diversas organizações, com foco, muitas vezes no aspecto social da Educação. Nesta liveStorming vamos endereçar os temas mais relevantes da Educação em tempos de Covid. Desde um panorama geral da EAD, andragogia, evasão escolar, até como podemos (e devemos) nos beneficiar do lifelong learning, sobretudo agora.
Professor Paulo Milet, de forma muito otimista, nos apresentou o cenário da educação no Brasil neste período de pandemia. Estatísticas e muitos dados foram compartilhados, permitindo compreender como a educação vem evoluindo no país, bem como o que podemos esperar no período a seguir. Podemos aguardar mudanças no mercado de trabalho e nos padrões de consumo. Na educação, as demandas dos alunos também serão diferentes. Cabe a cada um absorver as dicas e a visão orientadora que Prof. Paulo Milet nos apresentou, bem como nos dedicarmos para nos preparar para o “Novo Normal” que está por vir.